Aneurisma é uma palavra derivada do grego que significa alargamento, sendo utilizada em medicina para designar uma dilatação permanente de um segmento vascular. Considera-se como aneurisma o vaso que possui dilatação 50% acima do tamanho normal.

Esta dilatação ocorre em virtude de vários fatores, dentre eles a degradação de proteínas (colágeno e elastina) presentes na camada média da parede arterial, o que faz com que o vaso perca elasticidade e resistência, desta forma aumentando seu calibre progressivamente.

PREVALÊNCIA

Pode ser encontrado em cerca 2% da população acima de 50 anos, em 5% em homens com mais de 70 anos e 20% de parentes em primeiro grau de indivíduos com esta doença.

Os principais fatores de risco são tabagismo, hipertensão arterial sistêmica e histórico familiar de aneurisma.

Menos frequentes, mas não raros, são os aneurismas periféricos, destacando-se os da artéria poplítea (atrás do joelho) que corresponde a 70% deles, e pode ser concomitante ao aneurisma de aorta.

QUADRO CLÍNICO

A maioria dos aneurismas de aorta não apresenta qualquer manifestação clínica. Estes aneurismas assintomáticos são encontrados ocasionalmente em exame clínico de rotina, se o paciente tiver pouca gordura abdominal.

Os aneurismas de aorta podem se tornar sintomáticos devido a compressão de estruturas vizinhas:

  • Duodeno, causando vômitos.
  • Veia cava inferior, gerando trombose venosa.
  • Ureter, causando hidronefrose e insuficiência renal.

Complicações próprias destes aneurismas são:

  • Trombose: oclusão do vaso.
  • Embolia: desprendimento de coágulos presentes no aneurisma, geralmente para os membros inferiores.
  • Dor localizada no aneurisma.
  • Rotura: a mais comum das complicações, resultando em sangramento intra-abdominal.

HISTÓRIA NATURAL

A tendência natural dos aneurismas de aorta é o crescimento lento e progressivo, que ocorre em 80% dos casos, mantendo o diâmetro estável nos restantes.

Os aneurismas nunca diminuem de tamanho.

A complicação mais frequente é a ROTURA. Esta é uma situação de extrema gravidade devido à perda de sangue dentro do abdome. Quando ocorre a rotura de um aneurisma de aorta, 50% dos pacientes não conseguem chegar ao hospital e apenas 50% dos que chegam sobrevivem ao evento.

A medida do tamanho e do ritmo de crescimento dos aneurismas nos oferecem dados que ajudam a definir quais são os com maior risco de rotura.

Estudos científicos demonstram que aneurismas de aorta abdominal com diâmetro maior que 5 cm apresentam risco de rotura maior que 10% ao ano e menores que 5 cm apresentam risco de rotura menor que 5% ao ano.

Aumento de diâmetro superior a 0,5 cm em 6 meses é indicativo também de possibilidade de rotura.

DIAGNÓSTICO

Alguns aneurismas (poucos) são detectados ao exame clínico ou em radiografia simples de abdome.

Ultrassonografia é o exame de escolha para o estudo dos aneurismas. É um exame rápido, indolor, simples, que permite a medida precisa de sua extensão e diâmetro.

Quando detalhes minuciosos são necessários, Tomografia Computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética podem ser utilizados.

TRATAMENTO CLÍNICO

Consiste no controle dos fatores de risco e acompanhamento do tamanho do aneurisma.

Controle dos fatores de risco:

  • Interrupção do Tabagismo.
  • Controle da Hipertensão Arterial.
  • Controle da Hiperlipidemia.

Acompanhamento do tamanho do aneurisma por:

  • Ultrassonografia.
  • Tomografia Computadorizada.
  • Ressonância Magnética.

O tratamento clínico não leva à regressão do aneurisma e dificilmente impede a dilatação progressiva. Deve ser instaurado em todos os pacientes, mas havendo aumento significativo de seu tamanho, deve ser indicada a correção cirúrgica.

TRATAMENTO CIRÚRGICO CONVENCIONAL

O objetivo do tratamento cirúrgico é a exclusão do segmento dilatado e substituição por ponte artificial, constituída por tecido sintético, geralmente de poliéster.

O aneurisma é manuseado diretamente, a passagem de sangue pelas artérias é temporariamente interrompida e a prótese é costurada em segmentos normais logo a cima e abaixo do aneurisma. O fluxo é restabelecido por este novo caminho evitando o aneurisma, que é retirado.

Após a cirurgia, a maioria dos pacientes é monitorizada em unidade de terapia intensiva por 24 horas a 48 horas e o tempo médio de internação varia de 5 a 7 dias.

TRATAMENTO ENDOVASCULAR

Consiste na inserção de uma endoprótese que é introduzida pela artéria femoral (localizada na virilha) e levada por dentro dos vasos até o aneurisma no abdome, sendo visualizada através de radioscopia (Raio-X).

Esta técnica é menos invasiva e oferece menos tempo de internação, porém não pode ser utilizada em todos os casos, principalmente em virtude de variações da anatomia que existem entre as pessoas, sendo que o cirurgião vascular pode indicar o melhor tratamento para cada paciente, sempre com o intuito de trazer menor risco e maior benefício para a saúde.

Assim como no tratamento convencional, pacientes tratados por aneurisma de aorta precisam de acompanhamento por toda a vida, com exames de imagem para avaliar o resultado em longo prazo do tratamento.